Blog oficial da Universidade Sénior de Oliveira do Bairro

02
Abr 14

Sopa do vidreiro

Receita para 1 pessoa:
- 1 Posta de bacalhau
- 200 gr de batatas
- 1 Ovo
- 1 Pão duro
- 1/4 de broa
- 1 Dente de alho
- 2 Colheres de sopa de azeite.
Modo de preparação
Coze-se o bacalhau e retira-se do tacho.
Reserva-se a água de cozer o bacalhau e nessa mesma água cozem-se as batatas cortadas às rodelas grossas. Quando as batatas estiverem a ficar cozidas colocam-se os ovos e deixam-se escalfar.
Parte-se o pão, a broa e o alho aos pedaços e rega-se com azeite a gosto. Acrescentam-se as batatas, o bacalhau aos pedaços e o ovo inteiro ou moído conforme o gosto.
Bom apetite!

 

Resultado Final!!!

 

Breve história da sopa do vidreiro

O vidreiro era um homem que trabalhava arduamente à boca do forno suportando altas temperaturas, a carregar grandes pesos e por isso precisava de uma sopa forte, rica em calorias e nutrientes.

O bacalhau e o ovo dão à sopa a sua riqueza em proteínas de alto valor biológico. As proteínas eram de elevada importância na alimentação do vidreiro, já que são elas as responsáveis pela proteção do nosso organismo a agentes infeciosos.
Como sabemos, devido a más condições do trabalho, os vidreiros estavam sujeitos a doenças respiratórias, como a tuberculose. O bacalhau era também um importante dador de sódio. Este mineral era perdido em grandes quantidades pelo
suor e, por isso, tornava-se extremamente necessária a sua reposição.
Naquele tempo, o bacalhau era o peixe de eleição mas só pela sua riqueza nutricional, pelo seu baixo preço, o que facilitava uma boa refeição com poucos custos.
Nesta sopa, o pão, a broa e as batatas constituíam as principais fontes de hidratos de carbono da refeição. Eram estes que permitiam aos trabalhadores terem a energia inesgotável e necessária para realizarem tarefas pesadas durante longas horas. Estes alimentos faziam também desta sopa uma refeição rica em fibras.
O azeite era a principal fonte de gordura utilizada nesta receita. Designado na antiguidade como "olho líquido" era este que conferia à sopa uma textura sedosa e um sabor inigualável.
Ainda hoje, a sopa do vidreiro pode constituir uma boa refeição, não só para os vidreiros mas, também, para toda a população que, como eles, precisa de uma sopa
rica em nutrientes e calorias.
Naturalmente que este era o prato mais adequado para "bem alimentar" os nossos vidreiros!

publicado por unisob às 10:30

Era a sopa do vidreiro que alimentava as crianças que fechavam os moldes e os vidreiros que às bocas dos fornos colhiam grandes massas fundentes de vidro que desandavam, marizavam e trabalhavam para as transformar em belas peças de arte.
Para se ter uma ideia da temperatura a que trabalhavam só as crianças bebiam cinco e mais litros de água por turno.
Os tubos que servem para colher e movimentar as massas de vidro, chamadas de canas, são sopradas por todos que as usam pelo que, por razões óbvias, os alhos eram interditos na confecção da sopa do vidreiro para todos os que sopravam as canas.
Também o sal adicionado na confecção da sopa era propositadamente reduzido para não fazer aumentar as grandes quantidades de água que os vidreiros bebiam e continuam a beber; pela mesma razão as postas de bacalhau era finas para mais facilmente serem dessalgadas, e também porque eram as mais baratas
A sopa que refere e apresenta era para ser comida em casa, à mesa, e essa sim com alhos, e os ovos escalfados só raramente porque era preciso optimizar os recursos familiares, muito particularmente no período da guerra até muito depois de acabar.
Nas fábricas os vidreiros comiam a sopa directamente de pequenas panelas de alumínio que hoje já não veem, eram altas e estreitas para serem entaladas entre as pernas.
As fatias duras de pão e a broa eram dispostas em camadas alternadas, mais broa do que pão, e nos intervalos algumas rodelas de batatas cozidas e o bacalhau desfiado em quantidades que variavam consoante as condições económicas de cada família e tudo regado com água de cozer o bacalhau a que se adicionava por cima um fio fino de azeite para dar cor e sabor.
Era assim que em criança eu via os meus familiares e vizinhos confeccionarem a famosa sopa do vidreiro.
Manuel Penhascoso a 7 de Setembro de 2020 às 23:57

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